terça-feira, 27 de maio de 2008

lançamento do livro Atitude Pardal


Viver

O Médico poeta Gilmar Amorim
Junior Santos LITERATURA - Gilmar Amorim escolheu lançar hoje sua obra “Atitude Pardal”
27/05/2008 - Tribuna do Norte
O gastro e hepatologista Gilmar Amorim poderia estar cansado da rotina de ser médico e conviver com a angústia alheia. Ao contrário do que se imagina ele resolveu escrever suas sensações em forma de poesia e assim tornar seus dias mais leves, como as palavras. Os versos poderão ser lidos no livro “Atitude Pardal” que será lançado hoje, às 19h na livraria Siciliano no Midway Mall. Para ele, o nome do livro é uma referência aos pardais, o pássaro comum que assemelha-se ao ser humano comum, esse que sente, chora, ama e não é visto pelos outros. “O livro traz poesia e palavras que podem traduzir momentos vividos por personagens do cotidiano. Atitude pardal reflete a busca do bem, O incomodar-se com o sofrimento do próximo. Calar e falar. Chorar e sorrir, valorizar o momento que passa. É um convite à reflexão”, contou o poeta.Em 85 páginas entre a poesia e o conto, o autor divaga questionando a existência, o esquecimento, a solidão e o ritmo acelerado dos dias. “Comecei a perceber que a vida da gente vai sendo engolida na agilidade. E nós médicos convivemos diretamente com a dor e os sentimentos das pessoas”, contou. O primeiro poema aconteceu para Gilmar quando ele tinha 43 anos de idade, no início de suas pesquisas para o mestrado na comunidade próxima rio Potengi. “O poema falava sobre o rio e a estrada de ferro que dividem a cidade. Ali eu comecei a escrever minhas impressões e não parei mais”, contou.Os primeiros poemas foram publicados no livro “Ser Pardal”, editado também pelo Sebo Vermelho em 2003. Para a obra que será lançada hoje, o médico e professor de medicina teve apoio direto do editor Abimael Silva. “Ele era meu paciente. E de repente parecia que nos conhecíamos há muitos anos. E isso foi maravilhoso e totalmente ao acaso”, lembra Gilmar.A orelha do livro assinada por Abimael traz suas impressões. “Logo na apresentação da consulta médica percebi que não estava diante de “mais um” médico, e sim de um profissional humanista da mais alta competência. A poesia de Gilmar só tem uma preocupação: mostrar que todo pardal também tem sua importância na paisagem da cidade”, trecho da orelha assinada por Abimael. De um livro para o outro foram cinco anos de produção e escrita. “Todos os dias o poema chega. Eu gosto de estar perto dele e escrever o que vejo e sinto”, disse Gilmar.Leitor de Pablo Neruda, Cecília Meireles, Jorge Luís Borges e autores potiguares como Vicente Serejo, Gilmar não tem pretensão nenhuma em ser poeta, sua vida está para a medicina assim como as palavras estão soltas ao vento. “Tenho apenas um único desejo com minhas obras poéticas. Tocar o coração das pessoas e levar a elas um pouco de tranquilidade”, contou.

Poemas do cotidiano Muitos poemas e contos surgiram de maneira inusitada. Como o poema chamado “Deixe a frase terminar”, que conta a história de uma senhora vendedora de tapiocas que abordou o médico e um colega seu na saída do hospital. “Lembro que ela encontrou a gente e o meu colega queria dar-lhe dinheiro. Ela ficou realmente indignada e disse doutor não me dê dinheiro compre minha tapioca. Nunca esqueci isso”.Suas inspirações além dos pacientes, são os meninos nos sinais de trânsito, as pessoas nas ruas, nas esquinas e a natureza. “tudo o que observo pode virar um poema”. Exemplo disso é a fotografia da capa do livro - tirada por ele - referente a uma árvore tamarineira que fica no pátio do hospital Onofre Lopes, local de trabalho diário do médico. “Essa árvore foi plantada por uma pessoa que desejava o bem de todos. Ter uma árvore num lugar em que a dor transita é uma benção. E é assim que desejo que meu livro seja para as pessoas”, finalizou o médico poeta.